O ano de 2016 é Bissexto, conceito introduzido no calendário Gregoriano em 45 AC por Júlio César.
A introdução de um dia adicional no mês de Fevereiro sincroniza o nosso calendário actual com o ano solar, ou seja, com o intervalo de tempo que a Terra demora a orbitar o Sol, que são cerca de 365 dias e 1/4.
Seguindo a mesma lógica, por motivos diferentes, temos de adicionar um segundo - chamado "Leap Second” - ao Tempo Universal Coordenado (UTC) de vez em quando.
O que é o Leap Second?
Antes de percebermos o que é o Leap Second temos de compreender o que é o UTC.
O Tempo Universal Coordenado UTC é o principal padrão de tempo usado no mundo. É composto por duas partes:
1. Tempo Atómico Internacional (TAI) - fornece a velocidade exacta para que os relógios funcionem corretamente através das medições de centenas de relógios atómicos de altíssima precisão espalhados pelo mundo.
2. Tempo Universal (UT1) - é o tempo proporcional ao ângulo de rotação da Terra e em simultâneo uma aproximação ao tempo solar. Também conhecido como tempo astronómico ou tempo solar médio, esta escala de tempo determina a duração exacta de um dia.
O Leap Second é um ajuste de 1 segundo aplicado ocasionalmente ao UTC para que a hora do dia se mantenha próxima do UT1. Sem esta alteração, a medição do tempo baseada na rotação da Terra (UT1) desvia-se da medição atómica devido a uma variação irregular e decrescente da velocidade da rotação da Terra.
Adicionamos um segundo ao UTC sempre que a diferença entre o UTC e o UT1 se aproxima de 0,9 segundos. Desde que este sistema foi implementado, em 1972, 26 leap seconds foram adicionados. O próximo será a 31 de Dezembro, pelas 23:59:60 UTC.
O gráfico abaixo mostra a diferença entre o UT1 e o UTC desde 1972. As linhas verticais correspondem à introdução de leap seconds.
Como a velocidade de rotação da Terra diminui em resposta a eventos climáticos e geológicos, a adição de leap seconds é irregular e imprevisível. A decisão de inserir um leap second é normalmente anunciada com seis meses de antecedência pela IERS - International Earth Rotation and Reference Systems Service, assegurando assim que a diferença entre o UTC e o UT1 nunca excede os 0,9 segundos.
Porque é que a rotação da Terra varia irregularmente e tem vindo a diminuir?
A principal razão para a diminuição da variação da rotação da Terra é a chamada fricção de marés ou aceleração de marés. É o efeito das forças de maré entre um satélite natural (no nosso caso, a Lua) e o planeta primário que ele orbita (a Terra). A aceleração provoca uma recessão gradual de um satélite que orbite no mesmo sentido do seu planeta, e uma correspondente redução da velocidade de rotação do primário.
Outros factores que contribuem para esta variação são o movimento da crosta da Terra relativo ao seu núcleo, mudanças na convecção mantélica (correntes de convecção que transportam o calor do interior da Terra para a sua superfície) e quaisquer outros eventos ou processos que causem uma redistribuição significativa de massa. Eventos como o terremoto no Oceano Índico em 2004 de magnitude 9,3 encurtou o dia solar em 2,68 microssegundos.